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Minha história de vida é muito ligada ao Sport Club Corinthians Paulista, porque desde quando nasci, em 15 de abril de 1963, só ouvi falar de Corinthians. As minhas primeiras lembranças são meus pais, tios e tias falando de Corinthians/Rivellino e Santos/Pelé. Existia um tabu: o Corinthians não vencia nem o Santos, nem o Campeonato Paulista. A minha estreia como torcedor foi no Parque São Jorge, e foi amor à primeira vista. Então com sete anos, olhei o Parque São Jorge, olhei a Fazendinha lotada, e eles olharam para mim e parece que falaram assim: "Garoto, em breve você estará aqui dentro lutando, correndo e vencendo por nós". Foi um Corinthians 1 x 1 Ponte Preta, com gols do ponta-esquerda Lima para o Timão e de Manfrini para a Ponte. Será que foi coincidência eu ver, aos sete anos, um Corinthians x Ponte Preta, sendo que esse foi o jogo que quebramos o tabu em 1977? Não acredito em coincidência, e sim em destino. Cheguei ao Corinthians em 1975 para jogar o Campeonato Dente de Leite, que passava todos os sábados pela manhã na extinta TV Tupi, e era o sonho de todo garoto jogar aquele campeonato. Vivi muitos anos andando pelo clube, indo na piscina, no Autorama. Sim, para quem não sabe, lá no Parque São Jorge, acima do ginásio de esportes, tinha uma sala enorme com uma pista gigante de Autorama, e era chegar com seu carrinho e entrar na corrida. Ficava uma fila enorme para brincar ali, era gostoso demais. Joguei as categorias de base, joguei futebol de salão, basquete e vôlei no Corinthians. Só queria ficar lá dentro. Vi a virada histórica por 4 x 3 em cima do Palmeiras em 1971, na estreia do garoto Adãozinho. Chorei com meu pai ouvindo pelo radinho a derrota por 1 x 0 para o próprio Palmeiras em 1974, na final do Paulista. Me irritei com Vicente Matheus quando vendeu Rivellino, porque para mim o Riva é o melhor jogador da história do Corinthians e meu grande ídolo. Sou Rivellino de sangue e alma. Me emocionei demais assistindo à invasão no Maracanã da torcida do Corinthians em 1976, na semifinal do Campeonato Brasileiro contra a Máquina Tricolor do Fluminense do Rivellino. Delirei, explodi, alucinei aos 14 anos quando o Basílio, verdadeiro Pé de Anjo, fez o gol do título em 1977, e consegui, junto com milhões de corintianos, soltar o grito de campeão pela primeira vez na vida. Depois vieram vários, de todos os tipos. Em 1980 joguei a minha primeira Copa São Paulo, e na estreia enfrentamos o Botafogo do Rio na Fazendinha totalmente lotada. Vencemos por 3 x 0 e fiz meus primeiros dois gols com a torcida toda olhando para nós, que éramos jovens e sonhadores. Depois disso, veio um dos capítulos mais incríveis da história do futebol mundial, que foi o projeto da Democracia Corinthiana, conhecido mundo afora com documentários, livros e matérias. Fomos bicampeões paulistas com um time incrível, que jogava demais, mas também lutava muito por tudo que era importante para o nosso país. Vou finalizar minha declaração de amor ao Corinthians relembrando um dos momentos mais delirantes e viajantes da minha história, que foi quando vim jogar no Pacaembu pelo Flamengo, em 1993, contra o Corinthians, e fui pego de surpresa por tanto amor declarado. O nosso Pacaembu estava lotado, e a enorme torcida corintiana cantou o jogo todo duas músicas assim: "Doutor, eu não me engano, o Casagrande é corintiano", e "Volta, Casão, seu lugar é no Timão". Chorei, sofri, me desesperei, me emocionei, porque a energia desse amor incondicional bateu no meu peito com tanta força que fiquei nas nuvens, chorando de felicidade e de amor. Foi a coisa mais linda do mundo e que jamais me esquecerei. Parabéns ao Corinthians, não tenho como agradecer tudo o que vivemos juntos, de bom e de ruim. "Qualquer maneira de amor vale a pena, Corinthians."